Lei Attal para endurecer a justiça juvenil finalmente aprovada pelo Parlamento

O Parlamento adotou definitivamente na segunda-feira, após votação final no Senado, um projeto de lei de Gabriel Attal para endurecer a justiça juvenil e tornar os pais de jovens infratores mais responsáveis.
"Restaurar a autoridade" da justiça, "empoderar" os pais e "julgar os jovens infratores reincidentes mais rapidamente": a iniciativa do ex-primeiro-ministro se baseia nessas três promessas, feitas após os tumultos do verão de 2023, que envolveram muitos jovens.
Quase dois anos depois, o homem que assumiu a liderança do partido presidencial Renascimento conseguiu levar sua iniciativa a bom termo, com 223 senadores a favor e 112 contra, durante esta última votação que não deixou dúvidas em uma casa dominada por uma aliança de centro-direita que, em geral, apoia o texto.
A Assembleia aprovou o projeto de lei de forma idêntica na terça-feira, por 341 votos a favor e 187 contra. Em ambas as casas, toda a esquerda se opôs ao texto, manifestando sua indignação, em uníssono com os profissionais da proteção jurídica da infância e juventude (PJJ), com medidas que, segundo eles, colocam em xeque o próprio princípio da justiça juvenil: a primazia da educação sobre a repressão.
O líder do grupo Ensemble pour la République (EPR), ao contrário, defende a necessidade de "voltar a princípios simples e claros" e "adaptar nossa resposta penal", porque "os jovens de 2025 não são os jovens de 1945", data de publicação do decreto que estabelece as regras de processo penal específicas para menores na França.
"O texto não perturba o equilíbrio do nosso sistema de justiça juvenil. Não substitui a educação pela repressão. Ele as coordena para garantir que a resposta judicial seja rápida, adequada e eficaz", explicou Patrick Mignola, Ministro das Relações com o Parlamento, aos senadores.
A reforma inclui a criação de uma multa civil para pais que não atenderem a intimações para audiências judiciais e a muito criticada criação de um procedimento de comparecimento imediato para reincidentes com 16 anos ou mais.
Outra medida fundamental: a inversão do princípio da "desculpa da minoria", segundo o qual um menor é punido com menos severidade do que um adulto. A partir dos 16 anos, esta se tornará a exceção, que deverá ser justificada pelo juiz, e não mais a regra, para casos de reincidência punível com pena mínima de cinco anos de reclusão.
Para Gabriel Attal, esse sucesso parlamentar é bem-vindo, quase um ano após uma dissolução que o tirou repentinamente dos holofotes de Matignon para o cotidiano menos midiático da gestão do grupo parlamentar e da organização do partido.
O deputado de Hauts-de-Seine, que tem sido discreto na Assembleia nos últimos meses, até avançou muito com seu projeto de lei. Seu exame foi de fato marcado por várias rejeições, em ambas as câmaras do Parlamento.
Na Assembleia, medidas importantes foram removidas em comissão, antes de renascerem em sessão pública. O mesmo cenário foi observado no Senado, onde o relator Francis Szpiner, membro do Partido Republicano aliado do Renascimento na coalizão governista, manifestou uma visão mais do que crítica deste texto, temendo "uma lei circunstancial" escrita "sob o efeito da emoção", "inútil" e "inaplicável".
Mas a aliança governamental teve dificuldades para salvar a iniciativa e preservar a maior parte das principais medidas, graças em especial à mobilização do Ministro da Justiça, Gérald Darmanin, um apoiador do texto.
Isso não acalmou a ira da esquerda, que se uniu ao sistema de justiça juvenil (PJJ) para descrever essas medidas como "populistas, simplistas, repressivas" e até "perigosas".
Socialistas, ambientalistas e rebeldes também prometeram encaminhar muitas medidas ao Conselho Constitucional, na esperança de vê-las censuradas, principalmente por violarem os direitos das crianças e os princípios da justiça juvenil.
O "único resultado óbvio" deste texto será "enfraquecer nosso Estado de Direito mais uma vez", lamentou a senadora socialista Corinne Narassiguin, denunciando um "truque do Sr. Attal" que "manchará os princípios republicanos".
RMC