Influenciadores no Palácio do Eliseu, autoridades eleitas no YouTube e TikTok: as redes sociais estão se tornando cada vez mais essenciais para figuras políticas

Convidados para reuniões de gabinete ou como apresentadores no set de seus programas online, os criadores de conteúdo se tornaram essenciais na comunicação de figuras políticas.

De YouTubers ao Palácio do Eliseu, políticos no TikTok e Instagram... Nos últimos anos, candidatos e autoridades eleitas recorreram às mídias sociais e não hesitam mais em participar de sessões de perguntas e respostas com influenciadores. Mas, recentemente, não se trata mais apenas de estratégias de relações públicas: autoridades eleitas agora contam com criadores de conteúdo para fornecer educação cívica e alcançar cidadãos que estão longe do mundo político.

Em uma ocorrência rara durante uma reportagem sobre a última reunião do Conselho de Ministros, a porta-voz do governo Sophie Primas mencionou a presença de um influenciador em 16 de julho. Léa Passion, com 35.000 seguidores no Instagram, obteve milhares de visualizações para seus vídeos sobre o funcionamento das instituições políticas francesas, desde dicas para trabalhar na política até, naquele dia, imagens dos bastidores do Conselho de Ministros.

A influenciadora explica que " como criadora de conteúdo sobre a vida pública e política, era importante para mim, e principalmente para a minha comunidade – que já me havia perguntado – saber como funciona um Conselho de Ministros ". Léa Passion esclarece que, " como em todo o meu conteúdo, não abordo os assuntos, abordo os mecanismos. Acredito que há pessoas suficientes que vão falar e abordar temas ideológicos. O meu ângulo é esse, é o que escolhi e é o que me convém no momento".

A jovem insiste: foi ela quem se aproximou do Eliseu. Ela não recebeu pagamento e se recusa a ouvir falar de uma operação de relações públicas a favor do governo. Embora ela possa "entender que alguém diga isso". Nesse caso, " eu encaminho a pessoa para um conteúdo que não tem nada a ver com o governo ", explica. " Não estou aqui por eles, estou aqui pelas pessoas que realmente precisam entender o que está acontecendo por trás de todas essas reuniões, de todas essas negociações ."

A prática não é nova. Já em 2020, Gabriel Attal, então porta-voz do governo, respondia a perguntas de assinantes do Tibo In Shape, criador de conteúdo sobre fisiculturismo.

E nos últimos meses, autoridades eleitas têm aparecido no cenário kitsch do YouTuber Sam Zirah , conhecido por suas entrevistas com estrelas de reality shows. Mas também políticos: Yaël Braun-Pivet , Julien Odoul , Rimah Hassan e Sandrine Rousseau . A deputada dos Verdes por Paris nunca hesita em responder aos convites de influenciadores por vários motivos: " Para alcançar mais pessoas, pessoas que não estão acostumadas ou que não são ativistas políticos no sentido estrito ". Para "dar uma imagem diferente também. O influenciador não vai te procurar com base nos votos que você deu, em tais e tais declarações. Em geral, eles têm uma visão um tanto excêntrica".

Sandrine Rousseau diz que " quando Sam Zirah me pergunta se meu cabelo é político, é uma pergunta que nunca me fizeram, e ainda assim é uma pergunta muito importante. Porque, obviamente, as injunções sobre os corpos de mulheres políticas são um tópico. "

Mas nos comentários desses conteúdos políticos, os influenciadores muitas vezes enfrentam críticas de alguns de seus seguidores, que às vezes ficam desestabilizados por esses conteúdos.