Bilhete. Esta ilha que nos diz o que acontecerá amanhã.

A vida não é como a propaganda da La Française des Jeux. Pelo menos, não para todos. Não basta girar um globo, colocar o dedo aleatoriamente e escolher o destino. "É esse o jogo, minha pobre Lucette." E, no entanto, com passaporte, tempo e, principalmente, um pouco de dinheiro, o planeta rapidamente se transforma em uma loja de brinquedos. A Terra até nos oferece surpresas se olharmos um pouco.

As Ilhas Diomede, por exemplo, são duas rochas no Estreito de Bering. Para quem olhou pela janela durante a aula de geografia, o Estreito de Bering é a fronteira e passagem marítima entre os Estados Unidos e a Rússia, entre o Alasca e a Sibéria. Ao norte, bem ao norte. Com vista para o Círculo Polar Ártico. Um lugar bem louco com essas duas ilhas. A leste, a Pequena Diomede pertence aos Estados Unidos, com cerca de cem habitantes vivendo lá, abastecidos por helicóptero. A oeste, a Grande Diomede pertence à Rússia. E embora tenha uma base militar lá há muito tempo, os únicos seres humanos que residem lá hoje são membros de uma estação meteorológica e dos serviços secretos. Um mundo à parte.

Temperaturas congelantes, ventos violentos e longos períodos de neve e gelo congelam até o mar entre as duas ilhas. O mais incrível é que a Grande Diomedes está praticamente um dia à frente da Pequena Diomedes, devido aos fusos horários. Precisamente às 21h, embora estejam a apenas 3 km de distância. Isso lhes rendeu os apelidos de Ilha do Amanhã (em homenagem à Grande Diomedes) e Ilha de Ontem (em homenagem à Pequena Diomedes). Os residentes americanos, portanto, só precisam atravessar para descobrir o que acontecerá amanhã, antes de retornar. Podemos, portanto, "voltar no tempo" ou "nos projetar no futuro". Foi a poucos passos de distância que Trump e Putin começaram a refazer o mundo na noite de sexta-feira. Como vizinhos...