Na Guiné, a junta toma mina de bauxite de um grupo dos Emirados

O general Mamadi Doumbouya, chefe da junta na Guiné, retirou uma concessão de mineração de bauxita operada por uma subsidiária do grupo Emirates Global Aluminium (EGA), que ele então concedeu a uma nova empresa estatal, de acordo com uma série de decretos. A Guinea Alumina Corporation (GAC), subsidiária da gigante da mineração dos Emirados, operava uma das maiores minas de bauxita do país na região de Boké, no noroeste da Guiné.
De acordo com um decreto assinado pelo General Doumbouya e lido na Rádio e Televisão da Guiné na noite de segunda-feira, 4 de agosto, "a concessão mineira concedida à empresa Guinea Alumina Corporation está e permanece revogada a partir da data de assinatura deste decreto". As autoridades guineenses justificaram esta decisão com o "incumprimento" por parte da GAC das obrigações previstas no código mineiro do país, sem fornecer mais detalhes.
Mamadi Doumbouya também criou uma nova empresa pública de mineração, chamada Nimba Mining Company, que agora será responsável pela operação da concessão. A decisão ocorre em meio ao aperto do controle estatal sobre os recursos naturais do país. Nos últimos meses, a junta militar retirou as licenças de operação de dezenas de empresas de mineração estrangeiras e locais.
Uma aquisição “ilegal e hostil”Em comunicado divulgado na terça-feira, a EGA denunciou "nos termos mais veementes" uma "aquisição ilegal e hostil". Segundo o grupo mineiro, esta decisão surge na sequência da suspensão ilegal das atividades da GAC desde o outono de 2024. "Esta medida constitui também uma violação flagrante dos direitos contratuais e legais da GAC. Põe em risco mais de 3.000 empregos locais e põe em causa o respeito da República da Guiné pelo Estado de Direito", lamentou a empresa.
O general Doumbouya, que chegou ao poder à força após derrubar o presidente civil Alpha Condé em setembro de 2021, fez da mineração uma de suas prioridades. A Guiné, um país da África Ocidental com subsolo rico, é considerada um dos maiores produtores mundiais de bauxita, um mineral usado na produção de alumínio. Também possui depósitos de ferro, diamantes, ouro e urânio.
Mas os benefícios de sua exploração são notoriamente desiguais, beneficiando em grande parte as empresas e pouco a população. Especialistas citam o investimento insuficiente no desenvolvimento de um tecido econômico local, a falta de infraestrutura essencial, como estradas, a corrupção supostamente endêmica e as deficiências nas leis vigentes.
O mundo com a AFP
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