Chegou na ponta dos pés e agora é peça-chave: a trajetória surpreendente de Kelvin Amian, novo capitão do FC Nantes

Sua chegada em janeiro de 2024, vinda do La Spezia, passou quase despercebida. Kelvin Amian não é um jogador que gosta de holofotes; ele até tende a se manter discreto. Mesmo assim, no último ano e meio, ele se consolidou no lado direito da defesa amarela e verde. Na última temporada, o lateral de 27 anos disputou 30 partidas, tornando-se o sexto jogador mais utilizado por Antoine Kombouaré, atrás de Matthis Abline, Moses Simon, Jean-Charles Castelletto, Pedro Chirivella e Douglas Augusto.
“Às vezes é preciso falar, então nos esforçamos um pouco mais se necessário, mas, de resto, sou igual.”
Kelvin Amian, lateral e capitão dos Canários
Mas neste verão, a situação mudou radicalmente em Nantes. Quatro dos jogadores mencionados saíram, e Abline, mais jovem (21 anos), está no centro de uma saga em torno de seu futuro. Luis Castro, portanto, naturalmente recorreu a Amian para integrá-lo ao círculo interno de executivos do vestiário, ao lado de Anthony Lopes e Francis Coquelin. O técnico português coloca os três jogadores no mesmo nível: "Para vocês, o capitão é importante. Para mim, precisamos de jogadores com caráter e experiência em campo, mas não apenas do capitão."
No entanto, como o treinador "não gosta que o goleiro seja capitão" e Coquelin é propenso a lesões, foi Amian quem vestiu a braçadeira contra o PSG, na partida de abertura do Campeonato, no último domingo (0-1). "Estou feliz que o treinador tenha confiança em mim", explica o toulousain. "Como ele disse, existem vários capitães, cada um é um líder à sua maneira. Anthony Lopes é um líder de palavras. Vou me concentrar mais no trabalho, nunca desistir, trabalhar. Às vezes, é preciso dar a voz, então nos esforçaremos um pouco mais se necessário, mas, de resto, sou o mesmo."
Na coletiva de imprensa de sexta-feira, Amian não inventou um novo papel para si mesmo e ignorou com desenvoltura as perguntas sobre o futuro de Abline, o uso de vídeo pela comissão técnica ou a grande reformulação do elenco no verão. A experiência demonstra. Essa naturalidade também ficou evidente contra o PSG, quando Coquelin entrou em campo. Amian lhe entregou a braçadeira espontaneamente; nenhuma regra, mesmo informal, foi definida.
Isso também reflete a influência de Castro, que gosta de dar liberdade aos seus jogadores para tomar esse tipo de decisão. Embora o jogador não tivesse certeza se permaneceria neste verão – o Krasnodar tentou fazê-lo após Douglas Augusto –, o português foi rápido em dizer que contava com ele. Uma conversa proveitosa desde o primeiro encontro individual que fez bem a Amian mentalmente, já que ele não estava necessariamente acostumado a esse tipo de demonstração direta de confiança.
Isso também aumenta sua importância dentro do grupo. Até agora, ele se destacou pela discrição, além de se interessar pela cultura japonesa. De manhã, o defensor tende a evitar ficar conectado ao celular, preferindo focar na mente, acordar com o sol e manter contato com a natureza. Um leitor ávido, ele devora biografias de campeões, de LeBron James a Roger Federer, e também se concentra em dieta.
No ano passado, por exemplo, ele deu receitas ao chef do Nantes durante a preparação, principalmente à base de batata-doce, e aconselhou os companheiros de equipe sobre o assunto. Amian também deve ser inspirador em campo agora, para trazer seus companheiros de equipe com ele. Ele deve ter a oportunidade novamente neste domingo, quando deve ser titular, e provavelmente ainda capitão, no campo do Strasbourg.
L'Équipe