Envelhecemos mais rápido no espaço do que na Terra? Um relógio atômico de césio poderia fornecer a resposta

Em 22 de abril, a Estação Espacial Internacional recebeu um novo instrumento, o relógio Pharao de alta precisão (Projeto para um Relógio Atômico com Resfriamento de Átomos em Órbita), como parte da missão ACES (Conjunto de Relógios Atômicos no Espaço) da Agência Espacial Europeia. Graças a átomos quase imóveis, cujas propriedades estão sendo investigadas usando lasers, o tique-taque do Faraó se desvia em apenas um segundo a cada 300 milhões de anos (menos de um minuto desde o Big Bang). Isso nos permitirá testar como nunca antes as previsões da teoria da relatividade geral, segundo a qual envelhecemos mais rapidamente longe de uma grande massa como a Terra do que no solo. Essa previsão já foi confirmada, mas o ACES precisa melhorar a precisão vinte vezes. Com a esperança de encontrar um ritmo de relógio diferente do esperado, um sinal de novas forças atuando na natureza.
A ignição do Pharao está em andamento desde o início de maio e várias semanas de testes e calibração estão planejadas antes do início do experimento em si. Já era hora. As ideias e os primeiros testes realizados pelo Laboratório Kastler-Brossel e pelo Observatório de Paris já têm quase trinta anos. O projeto foi repetidamente adiado por dificuldades financeiras e técnicas — como a construção de uma câmara de ultra-alto vácuo para proteger os átomos de qualquer colisão, ou a fabricação de um sistema óptico que esteja em conformidade com as restrições de espaço. Ele até tem estive duas vezes à beira de desistir. Mas, com mais de dez anos de atraso, os cientistas estão prontos para usar esta joia tecnológica desenvolvida por empresas francesas, principalmente Thales e Sodern. "Felizmente, esse período de tempo não comprometeu a relevância do experimento", garante Didier Massonnet, gerente de projeto da missão no Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais (CNES). Nenhuma medição de aceleração temporal em altitude atingiu a precisão almejada pelo Faraó. Relógios muito mais precisos foram desenvolvidos, mas permaneceram na Terra. O recorde é um desvio de um quarto de segundo ao longo de 10 bilhões de anos. A missão do ACES deverá durar trinta meses, um período de tempo suficiente para atingir os objetivos.
O faraó não está sozinho no espaço. Ele é conectado à Terra por meio de links de rádio e laser para permitir comparações. Acima de tudo, outro relógio, chamado "maser", baseado em hidrogênio, é usado para medir e corrigir imperfeições no Faraó.
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Le Monde