Qual o motivo da baixa participação nas eleições para o Conselho da Juventude? Este é o resultado da disputa eleitoral.

Um total de 1.500.444 jovens entre 14 e 28 anos compareceram para votar nas eleições do Conselho da Juventude neste domingo, 19 de outubro. Embora o número pareça grande, a participação foi de apenas 12,81% do cadastro eleitoral jovem.
Embora isso represente um ligeiro aumento em relação à eleição de 2021, quando 10,31% dos eleitores votaram, a abstenção novamente predominou neste segundo turno. O que está por trás dessa baixa participação?
Para a Missão de Observação Eleitoral (MOE), é necessário trabalhar no aumento da participação eleitoral dos jovens e, por isso, pediram às entidades estatais uma maior coordenação interinstitucional e uma revisão da sua estratégia de diálogo com as autoridades locais e os jovens.

As votações do Conselho da Juventude foram realizadas em 19 de outubro. Foto: Mauricio Moreno / EL TIEMPO
"Pedimos aos prefeitos e governadores que garantam que os conselhos de jovens ocupem o centro do palco na formulação de políticas para os jovens e se tornem processos verdadeiramente participativos", disse Alejandra Barrios, diretora do Ministério da Educação.
Para Danilo Sepúlveda, Coordenador de Inclusão e Diversidade do Ministério da Educação, "os Conselhos da Juventude são uma realidade democrática. Fortalecê-los exige investimento em capacitação, educação cívica e comunicação mais próxima com os jovens".
Na mesma linha, o analista político Carlos Arias acredita que os conselhos de jovens são consultivos, com pouca deliberação e pouca tomada de decisões, o que pode, de certa forma, reduzir a participação dos jovens.
"É muito difícil para os jovens se sentirem envolvidos de alguma forma quando são consultados nesse tipo de situação, mas suas opiniões podem não ser levadas em consideração no final do processo", disse ele.

Conselho da Juventude. Foto: Maurício Moreno / EL TIEMPO
Além disso, assim como o Ministério da Educação, Arias afirmou que a promoção é necessária, pois a dinâmica de comunicação política em torno desses tipos de eventos é fraca.
"Não há divulgação e, faltando apenas uma ou duas semanas, os governadores, especialmente os distritais de Bogotá, lançaram campanhas por meio da Secretaria de Governo. Obviamente, alguns partidos realizaram algum tipo de exercício de mobilização entre suas estruturas, que foram as que acabaram votando, mas não há comunicação de massa que ajude as pessoas a entender a importância desse tipo de evento de conselho juvenil", acrescentou.
Para o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Cristian Quiroz, o resultado dessas eleições foi positivo. “Sempre há espaço para melhorias, é claro, mas o importante é que a tendência mudou. Mais jovens participaram e votaram com mais eficiência. Isso é um avanço. Às vezes, a democracia é medida apenas pelo número de eleitores, mas também precisamos analisar a qualidade da participação. Neste caso, a qualidade aumentou drasticamente. A democracia se constrói com paciência, com confiança, com ações, e este foi um verdadeiro avanço”, afirmou.
Quiroz afirmou que não pode ser um esforço que acontece a cada quatro anos. "A educação cidadã deve ser contínua. Devemos chegar às escolas, universidades e grupos de jovens. Devemos falar com eles na sua própria língua, dizer-lhes para que serve o voto, por que é importante. Veja bem, quando um jovem entende que o seu voto faz a diferença, ele participa. Essa é a chave: fazê-lo sentir que a sua decisão conta", afirmou o presidente do CNE.

Presidente da CNE, Cristian Quiroz. Foto: Maurício Moreno
Entre os números divulgados pelo Registro, destaca-se que 780.185 votos foram emitidos para partidos e movimentos políticos, o equivalente a 53,35%. 411.679 votos foram emitidos para listas independentes de jovens, o que corresponde a 28,15%; e 270.398 votos foram emitidos para o setor de processos e práticas organizacionais, o que representa 18,49%.
O que chama a atenção é que os partidos tradicionais dominaram o voto jovem. O Partido Liberal recebeu o maior número de votos entre as listas partidárias, com 148.422 votos, o equivalente a 10,14% do total. Foi seguido pelo Partido Conservador com 98.984 votos (6,76%), o Centro Democrático com 85.015 (5,81%), a Mudança Radical com 79.104 (5,40%) e a Aliança Verde com 65.544.
Em comparação com as eleições de 2021, os Liberais registraram um aumento na votação, passando de 10,17% para 10,62%. Essa tendência também foi observada no Partido Conservador, enquanto partidos como Mudança Radical e Aliança Verde mantiveram porcentagens semelhantes às de quatro anos atrás.

Jovens votaram em todo o país. Foto: Prefeitura de Medellín
Enquanto isso, o apoio a movimentos partidários não tradicionais foi notável em municípios fora das capitais. O analista Arias acredita que as promessas de mudança feitas por partidos de esquerda ou não tradicionais não foram cumpridas, o que pode ter influenciado o processo.
"Essas cinco capitais (Bogotá, Medellín, Cali, Bucaramanga e Barranquilla) foram cooptadas por partidos tradicionais que articularam muito bem suas estruturas políticas, enquanto nas demais regiões, o Pacto Histórico e a Colômbia Humana não exerceram essa mesma dinâmica e foram substituídos por movimentos sociais. A promessa de mudança apresentada pela Colômbia Humana por meio do Pacto Histórico e defendida pelo presidente em seu discurso foi essencialmente traída", observou.
Apesar da baixa participação, houve outros números encorajadores neste segundo turno das eleições para o Conselho da Juventude. Desta vez, o Cartório implementou um novo design para o cartão de eleitor, o que reduziu a porcentagem de votos nulos. A porcentagem caiu de 23,11% em 2021 para apenas 1,98% nestas eleições.

Hernán Penagos, Registrador Nacional. Foto: Cartório
“Vivenciamos um dia repleto de esperança democrática. Com a participação, os jovens colombianos demonstraram seu interesse pelos assuntos públicos, pela democracia e pela construção de um país melhor. Parabenizo aqueles que aproveitaram com entusiasmo esta grande oportunidade oferecida pela democracia colombiana para serem atores-chave na tomada de decisões”, disse o Secretário Hernán Penagos.
Por sua vez, o presidente da CNE enfatizou: “A calma, a transparência e a atitude dos jovens. Foi um dia sem conflitos, com ordem e confiança. E isso fala bem de todos: da organização eleitoral, dos júris, dos partidos e dos próprios jovens. A outra coisa que considero importante é o trabalho prévio. Não houve improvisação. Houve educação, houve preparação, e o resultado está aí: menos erros, mais participação e mais conscientização.”
Maria Alejandra González Duarte
eltiempo