Os caminhos que o governo do presidente Gustavo Petro está explorando caso a reforma trabalhista fracasse no Congresso

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Os caminhos que o governo do presidente Gustavo Petro está explorando caso a reforma trabalhista fracasse no Congresso

Os caminhos que o governo do presidente Gustavo Petro está explorando caso a reforma trabalhista fracasse no Congresso
A partir de segunda-feira, com o início das audiências públicas sobre a reforma trabalhista retomada, o governo do presidente Gustavo Petro começará a jogar suas últimas cartas para avançar em um de seus principais projetos. A perspectiva não é animadora. Além da dificuldade de obter votos na Quarta Comissão e, posteriormente, na sessão plenária, o tempo também está em jogo: faltam apenas cinco semanas para o fim do atual período legislativo.
A comissão é presidida pela senadora Angélica Lozano (Aliança Verde), que manifestou apoio à tramitação do projeto e, de fato, nomeou relatores na quarta-feira. Juan Felipe Lemos (o 'U'); Jhon Jairo Roldán (Liberal); Aída Avella (Pacto Histórico); Carlos Meisel Vergara (Centro Democrático); Carlos Abraham Jiménez (Mudança Radical); Juan Samy Meregh (Conservador); e Richard Fuelantala (Partido Secular) ficará responsável por apresentar os textos e abrir o debate.

A senadora Angélica Lozano preside a Quarta Comissão. Foto: Nestor Gomez. O clima

"Na Quarta, (Efraín) Cepeda e seus amigos têm maioria, dez em cinco", disse o ministro do Trabalho, Antonio Sanguino, que não está tão otimista quanto Lozano. De fato, a alta autoridade questionou o papel que a congressista da Aliança Verde poderia desempenhar quando o projeto de lei começar a ser debatido na comissão. "Ela acompanhou a oposição. Angélica Lozano não é independente", disse ele.
Diante dos obstáculos que enfrenta no Congresso, o Poder Executivo já estuda diferentes cenários para tentar fazer o projeto avançar.
O compromisso de reavivar a consulta popular
Na manhã desta quinta-feira, soube-se que os senadores Martha Peralta (Mais) e Fabián Díaz (Aliança Verde) entraram com uma ação de tutela para suspender e anular a decisão do plenário do Senado de negar a consulta popular e ordenar sua reabertura perante o conselho de administração da corporação.
"Ajuizamos um mandado de segurança para erradicar a falta de garantias. Não me foi permitido, não me foram dadas as garantias para votar. Normalmente, eles dão um prazo razoável, tocam o sino, organizam tudo, mas aqui o que ficou demonstrado ao país é que tudo foi orquestrado para derrubar a reforma", disse Peralta.
Da mesma forma, o ministro do Interior, Armando Benedetti, anunciou uma ação legal contra o presidente do Senado e insistiu em denunciar a suposta fraude.
“Cepeda será processado criminalmente por fraude processual; eles fizeram uma bagunça completa e contaram ou esclareceram um voto quando não era possível. Eles reverteram a decisão. Várias ações serão tomadas: primeiro, uma queixa-crime; e segundo, a relacionada à anulação da eleição. Além disso, há um mandado de segurança porque eles não permitiram que alguns senadores que queriam votar”, disse Benedetti.
Uma nova consulta que inclui questões do sistema de saúde
Outra estratégia que o governo já tem em mãos, e que independe do andamento da reforma trabalhista no Congresso, é a realização de um novo referendo. Esse mecanismo não só permitiria que aspectos importantes do projeto fossem retomados caso ele fosse arquivado, mas também parece ser um elemento crucial na estratégia eleitoral até 2026.

Presidente Petro durante um discurso presidencial da China. Foto: Juan Diego Cano. Presidência

"O governo apresentará novamente ao referendo uma questão adicional sobre saúde. Mas, desta vez, o Senado discutirá com o povo nas ruas e nas estradas, se as assembleias populares nos municípios assim o decidirem", escreveu o presidente Gustavo Petro em sua conta no X, em mensagem na qual chegou a falar da possibilidade de convocar uma greve geral.
Em outra mensagem, publicada na manhã de quinta-feira, ele reiterou sua intenção: "Mais uma vez, exercerei meu direito constitucional e legal de apresentar o referendo ao Senado, para garantir uma votação justa. Desta vez, o povo, os titulares do mandato, decidirão como agir perante o Senado da República, o titular do mandato", afirmou.
Além disso, cabe destacar que nem a Lei 1.757 de 2015 nem a Lei 134 de 1994 — que regulamenta os mecanismos de participação — estabelecem limitações à interposição de consultas populares, sejam elas de origem cidadã ou propostas pelo Presidente da República. Portanto, estas poderão ser protocoladas a qualquer momento, desde que não seja apresentado o mesmo texto.
Caso seja feita uma nova solicitação, deverá ser seguido o mesmo procedimento da anterior. Ou seja, o plenário do Senado deve votar e aprová-lo por maioria simples (metade mais um). Então, teria que contar com a participação de pelo menos 33% do recenseamento eleitoral, ou seja, cerca de 13 milhões de eleitores.
Apelo de Petro para uma reunião pública aberta
Além de anunciar um novo referendo, o presidente Petro convocou as organizações sociais a saírem às ruas para uma sessão pública, outro mecanismo de participação popular previsto na Constituição de 1991, embora com origens que remontam à independência.
"Me reunirei pessoalmente com o Conselho Popular da cidade de Barranquilla. Lá, ouvirei a decisão do povo como chefe das Forças Armadas Colombianas e presidente legítimo da República, e acatarei a decisão dos Conselhos Populares de todo o país", afirmou.
O conselho municipal é uma reunião pública que pode ser realizada durante as sessões regulares das assembleias departamentais, conselhos distritais e municipais, bem como dos Conselhos Administrativos Locais (LABs). É aberto à participação pública, mediante inscrição prévia de uma comissão promotora, e tem como objetivo discutir questões de interesse coletivo.
Recentemente, a jurisprudência a definiu como "a reunião do povo soberano para discutir livremente assuntos que lhe interessam ou afetam".

Armando Benedetti e Antonio Sanguino durante a sessão plenária de quarta-feira. Foto: Milton Díaz. O TEMPO

Por meio desse mecanismo, os fóruns de discussão política são ampliados e estendidos aos cidadãos, que podem participar diretamente. De acordo com a Lei 1.757 de 2015, as assembleias municipais são uma iniciativa popular e, portanto, serão convocadas por organizações sociais. No entanto, foi justamente a essas organizações que o Presidente dirigiu o seu apelo durante o seu discurso, pelo que não está claro se ele poderá comparecer.
Para o analista político e colunista deste jornal, Gabriel Cifuentes, a reunião pública, embora seja um conceito existente, não tem efeito vinculativo. "Surgiu nas primeiras décadas da nossa independência e foi concebido principalmente para as comunidades a nível municipal. Assembleias públicas abertas não podem existir a nível nacional, pois são concebidas para serem frequentadas por conselhos municipais ou JALs", explicou.
A “mini” reforma trabalhista dos liberais
A opção final do governo, como afirmou Benedetti, seria implementar integralmente o projeto de reforma trabalhista apresentado pelo Partido Liberal, iniciativa que tem apenas quatro artigos e incorpora os pontos mais importantes do texto apresentado pelo governo.
O projeto de lei propõe que o plantão noturno comece às 20h, e não às 19h, como proposto pelo governo. Além disso, a sobretaxa de 100% será aplicada gradualmente, não imediatamente.
"O trabalho em dias de descanso obrigatório ou feriados é compensado com adicional de 100% sobre o salário normal, proporcional às horas trabalhadas. Caso o dia de descanso obrigatório coincida com outro dia de descanso remunerado, o trabalhador somente terá direito, se estiver trabalhando, ao adicional estabelecido no artigo anterior", afirma a decisão.

Miguel Ángel Pinto, senador liberal e autor da reforma trabalhista liberal. Foto: Sergio Acero. O TEMPO

Esta proposta parecia ser a menor prioridade do Governo. De fato, o presidente Petro apresentou a mensagem urgente para esta iniciativa, que foi inicialmente interpretada como uma tentativa de marginalizá-la. Contudo, no contexto atual, o governo parece não estar disposto a descartar nenhuma opção.
“Hoje é um dia agridoce porque temos essa lei em vigor, e esse recurso precisa ser apresentado na Quarta Comissão do Senado. Vamos ver o que acontece. Também vamos pressionar a questão da minirreforma trabalhista e buscar opções com base no que a população decidir, por voto popular, neste fim de semana. Vamos consultar a população e deixar que ela nos diga se não aceita a fraude, e reenviaremos as perguntas para consulta pública”, afirmou Benedetti nesta quarta-feira.
CAMILO A. CASTILLOEditor PolíticoX: (@camiloandres894)
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