O senador Iván Cepeda lançou sua candidatura para as eleições presidenciais de 2026.

Após dias de especulação sobre seu futuro político, o senador Iván Cepada anunciou oficialmente sua candidatura presidencial nesta sexta-feira, na cidade de Pasto (Nariño). Ele o fez durante o evento "O Poder da Verdade", um espaço no qual o negociador de paz falou ao público sobre os processos judiciais que o opuseram ao ex-presidente Álvaro Uribe Vélez durante anos.
"De Nariño, terra de lutas históricas e de construção coletiva entre forças alternativas, cercadas de lideranças sociais, mulheres e jovens, venho apresentar meu nome ao povo colombiano como pré-candidata do Pacto Histórico à Presidência da República", disse a agora pré-candidata.
E acrescentou: "Tomo esta decisão em obediência à vontade coletiva. Não entendo a política como mero exercício de aspirações pessoais, mas sim como um compromisso com causas justas e com o mandato do povo."

Senador Iván Cepeda durante lançamento de campanha em Pasto. Foto: Camilo A. Castillo. O TIEMPO
Cepeda afirmou que seu objetivo é dar continuidade ao programa governamental do Pacto Histórico, sobre o qual reconheceu que ainda há muito a ser feito. "No entanto, ainda há muito a ser feito. Precisamos avançar decisivamente com outras reformas sociais, com a construção integral da paz e com a erradicação da corrupção", acrescentou.
O senador também falou sobre o eixo principal de sua campanha e afirmou que caberá ao público decidir quais reformas priorizar. Além disso, se eleito, ele continuará a defender uma solução negociada para a guerra e a combater todas as formas de corrupção.
" Desde o primeiro dia, anunciei claramente que serei implacável contra qualquer forma de corrupção. Em primeiro lugar, àqueles que se juntam a mim nesta campanha e, se o povo assim decidir, no governo: exijo absoluta integridade e transparência", acrescentou.
“Declaro, com plena convicção, que respeitarei as regras democráticas, a começar pela Constituição. Respeitarei as instituições, os poderes públicos e sua independência. Mas, ao mesmo tempo, defenderei e promoverei todas as formas de participação democrática: o direito dos cidadãos e das massas de se expressarem, de criticarem e de se mobilizarem de forma permanente, pacífica e organizada”, afirmou.
O anúncio ocorre depois que seu próprio partido, o Pólo Democrático, bem como outros setores de esquerda, pediram que ele lançasse sua candidatura antes das eleições do próximo ano. Politicamente, a imagem de Cepeda ganhou ainda mais peso na situação atual, após a condenação do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez no caso de corrupção de testemunhas. O senador não foi apenas uma vítima reconhecida naquele processo judicial, mas também um dos principais oponentes políticos de Uribe no Congresso na última década.

Cepeda lançou sua candidatura com a família. Foto: Camilo A. Castillo. EL TIEMPO
Embora não tenha conseguido chegar a um acordo com o ELN em seu papel de negociador, Cepeda se tornou um dos nomes mais respeitados da esquerda colombiana. "Ele demonstrou ser um político corajoso, defendendo veementemente os direitos humanos, a paz, a democracia e a justiça social, e lutando ferozmente pela verdade", afirmou Polo em um comunicado à imprensa esta semana.
A esse apoio se somaram as Mães de Soacha, organização que reúne familiares de vítimas de execuções extrajudiciais. "Ele nos colocou no centro do debate público e foi quem nos acompanhou na defesa de nossos direitos perante a Suprema Corte. Ele levou nossa voz aos palcos internacionais, transformando nossa luta em um símbolo de resistência ética e política. (...) Iván Cepeda tem a experiência, a integridade e o apoio social para ser o presidente que assume a bandeira dos historicamente agredidos", afirmaram.
Cepeda, filho do ex-senador da União Patriótica Manuel Cepeda — assassinado em agosto de 1994 — e filósofo de profissão, ingressou na política em 2010, após ser eleito para a Câmara dos Representantes por Bogotá. Em 2014, com mais de 80.000 votos, conquistou uma cadeira no Senado da República, cargo que manteve nos mandatos de 2018-2022 e 2022-2026.
Seu trabalho também está ligado aos esforços de paz de vários governos: entre 2012 e 2016, ele facilitou o processo de paz entre o governo colombiano e as FARC-EP e, por meio de seu papel no Congresso, promoveu a implementação regulatória do Acordo de Paz de 2016.
CAMILO A. CASTILLOSenviado especial a Pasto, NariñoX: (@camiloandres894)
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