O asilo de Gustavo Petro para Ricardo Martinelli terá algum efeito nas relações bilaterais com o Panamá?

A decisão do governo do presidente Gustavo Petro de conceder asilo ao ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli, condenado a dez anos por corrupção, não teria necessariamente implicações nas relações diplomáticas entre os dois países.
É o que ressalta o ex-chanceler Julio Londoño, levando em conta o consentimento do governo panamenho.

O ex-presidente Martinelli viajou para a Colômbia em asilo. Foto: EFE
"Acho que não. Se a Colômbia lhe concedeu asilo, considerando que o crime em que está envolvido é político, e o Panamá lhe concedeu passagem segura, não há problema. Seria diferente se o governo panamenho se opusesse ao asilo, considerando que ele cometeu crimes comuns", disse o ex-chanceler a este jornal.
Mas, embora não sejam previstas implicações diplomáticas, pelo menos por enquanto, a decisão gerou comoção, especialmente no Panamá.
Segundo o Itamaraty, que divulgou nota na noite de sábado, a "decisão foi devidamente comunicada ao governo do país vizinho", acrescentando que a medida "se baseia na observância do princípio pro persona e na tradição humanista da Colômbia de proteger pessoas perseguidas por motivos políticos".

Ex-presidente Ricardo Martinelli em X. Foto: Captura de tela X: @rmartinelli.
Martinelli, por sua vez, anunciou na noite de sábado, via X, que já estava em Bogotá e agradeceu ao governo do presidente Gustavo Petro pelo asilo.
"Feliz e contente por estar de volta a Bogotá, onde recebi asilo político como refugiado político. Mil vezes agradeço ao governo colombiano e ao presidente Gustavo Petro por me concederem este asilo político."

Gustavo Petro, Presidente da Colômbia. Foto: Cesar Carrión / Presidência. EFE
O ex-presidente estava refugiado na embaixada da Nicarágua desde fevereiro de 2024, após sua condenação por usar fundos públicos para adquirir um grupo de mídia durante sua presidência ter sido confirmada.
Mas a notícia de sua saída do país não foi bem recebida no Panamá. "Este é o triunfo da impunidade. A instituição do asilo não foi criada para que criminosos comuns, como Martinelli, pudessem escapar da justiça", disse Lina Vega, presidente da seção panamenha da Transparência Internacional, à AFP. Ele acrescentou: "É muito lamentável que o Governo Nacional tenha lhe concedido salvo-conduto."

Ricardo Martinelli. Foto: Luis ACOSTA / AFP
Enquanto os aliados de Martinelli comemoraram a decisão, eles alertaram que o ideal seria que o ex-presidente estivesse livre em seu país. "Este não é necessariamente o cenário ideal para nós. Nosso cenário ideal é que o Tribunal retifique a lei que foi distorcida para condená-lo politicamente e que ele possa retornar livremente ao seu país, que é o Panamá", disse Luis Eduardo Camacho, porta-voz do ex-presidente, ao Telemetro Reporta.
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