Espanha cada vez mais sozinha contra centros de retorno de imigrantes

Cada revés sofrido nos tribunais pelos planos europeus de avançar com os centros de deportação de migrantes é comemorado pelo Ministério do Interior, chefiado por Fernando Grande-Marlaska, que se mostra cada vez mais isolado entre seus colegas da UE em sua firme oposição à abertura de campos de internamento em países fora da União Europeia para o envio de migrantes cujos pedidos de proteção internacional sejam rejeitados. À luz da última decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), anunciada na sexta-feira, que paralisa o modelo emblemático de migração de Giorgia Melonia – com centros construídos na Albânia para deter migrantes antes que cheguem à Itália –, o Ministério do Interior defende o abandono desse tipo de "soluções inovadoras".
O endurecimento das políticas de imigração continua a ganhar cada vez mais adeptos, com a maioria dos governos conservadores entre os Vinte e Sete. O mais recente a aderir é o governo alemão de Friedrich Merz, um chanceler conservador que formou uma coligação com os sociais-democratas. Para o seu Ministro do Interior, os centros de retorno representam uma "abordagem inovadora e absolutamente necessária". A França também está considerando a possibilidade, enquanto a Espanha nem sequer está aberta a esta última.
Marlaska pede o abandono de "soluções inovadoras", como o modelo Meloni, que não produzem resultados.O Ministério do Interior enfatiza a "dimensão externa" da imigração, que o ministro reitera em reuniões europeias, onde começam a se concentrar em como a Espanha conseguiu conter a crise dos cayucos graças à cooperação com a Mauritânia, a Gâmbia e o Senegal, destino da miniviagem africana do primeiro-ministro no ano passado para fortalecer a colaboração no controle de fronteiras. Segundo fontes ministeriais, Marlaska expressou suas "sérias reservas políticas, jurídicas, econômicas e de sustentabilidade" em reuniões recentes com seus colegas do Ministério do Interior europeu a respeito dos centros de retorno, que nenhum país — por enquanto — ousa mapear, exceto o caso da Albânia.
A oposição do governo central a este tipo de campos de internamento não se deve apenas ao respeito pelos direitos fundamentais, mas também à falta de dados que sustentem a possibilidade de conter os fluxos migratórios graças a este tipo de centros, denunciados por todas as ONGs. Portanto, a intenção do ministro nos próximos fóruns, segundo fontes da sua equipa, é continuar a insistir para que a União Europeia se dote de "capacidade orçamental suficiente" para fornecer mais material e formação às forças de países terceiros encarregadas de impedir saídas irregulares e readmitir repatriados — uma das tarefas mais complexas do desafio migratório.
Além disso, o Governo utilizará a sua diplomacia para tentar convencer os outros parceiros de que a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) deve ter uma presença operacional em países terceiros para desencorajar a saída de barcos. Isso requer não apenas um acordo com a União Europeia, mas também acordos bilaterais com os países de origem e trânsito. O Ministério do Interior está empenhado em que a Frontex tenha funções abrangentes, que vão da vigilância de fronteiras à formação.
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