Tribunal pede retirada de imunidade do presidente da Costa Rica

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Tribunal pede retirada de imunidade do presidente da Costa Rica

Tribunal pede retirada de imunidade do presidente da Costa Rica

San José. O presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, criticou ontem os tribunais por buscarem seu impeachment para que ele possa ser julgado por corrupção, aumentando as tensões políticas antes das eleições de fevereiro neste país com uma renomada história democrática.

Acusado por seus críticos de desrespeitar a independência dos poderes, Chaves, um economista conservador de 64 anos, governa desde 2022 em conflito aberto com o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República, a Assembleia Legislativa — majoritariamente oposição — e o Tribunal Eleitoral.

Mas na terça-feira, a disputa pelo poder se intensificou quando a Suprema Corte pediu ao Congresso que levantasse a imunidade do presidente para que ele pudesse enfrentar acusações de corrupção movidas pelo Gabinete do Procurador-Geral.

"O Tribunal continua destruindo a pouca credibilidade que tem; continua a se transformar em uma desgraça nacional", declarou Chaves ontem em sua coletiva de imprensa semanal.

Esta é a primeira vez na história do país centro-americano que o Judiciário pede a retirada da imunidade de um presidente, o que o analista Felipe Alpízar, professor da Universidade da Costa Rica, descreveu como um "terremoto político".

Chaves, ex-funcionário do Banco Mundial, foi acusado pelo Ministério Público de obrigar uma empresa de serviços de comunicação contratada pela Presidência a dar US$ 32.000 ao seu amigo e ex-assessor de imagem, Federico Cruz.

O promotor acusa o presidente de "concussão" (abuso de poder por parte de um funcionário para favorecer alguém), o que pode resultar em pena de dois a oito anos de prisão.

Segundo o Ministério Público, a empresa foi contratada para o mandato de Chaves, de 2022 a 2026, com recursos do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE), por meio de um procedimento "aparentemente" indevido.

"Nem o Tribunal nem o Ministério Público buscam justiça. Não, o que eles buscam é vingança", porque "este governo expôs as estruturas de grande privilégio mantidas por grupos poderosos em conluio com os altos escalões do Judiciário", acrescentou.

Financiamento irregular

Autoridades judiciais e eleitorais também estão investigando o presidente por suposto financiamento irregular de sua última campanha eleitoral e por interferir nas próximas eleições, o que é proibido pela lei costarriquenha.

Segundo Chaves, os juízes estão chateados porque "há um presidente que não lhes deve favores, que não guarda segredos e que não permite que eles façam o que querem".

Ministros do Supremo Tribunal Federal, parlamentares e outras autoridades estaduais criticam o que consideram ser uma tendência autoritária de Chaves e pedem que ele respeite a independência dos poderes do governo.

Durante décadas, a Costa Rica foi a democracia mais estável da América Central, uma região abalada na segunda metade do século passado por sangrentas guerras civis.

"O que está em jogo é a democracia costarriquenha como a conhecemos", disse Alpízar, que alertou que, apesar da crise política, "há instituições muito fortes".

Chaves, um admirador do presidente salvadorenho Nayib Bukele, disse que espera que seu partido conquiste uma maioria qualificada no Congresso nas próximas eleições para reformar a Constituição e dar mais poder ao poder executivo.

Para Alpízar, essa crise afetará o curso da campanha porque ela pode se tornar uma espécie de "referendo a favor ou contra Chávez" sem discutir os "problemas fundamentais" do país, como o aumento da violência criminal.

Autoridades próximas a Chaves não descartam que ele busque uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Eleconomista

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