Bancos, multas e zero processos

Em relação às instituições financeiras mexicanas acusadas de suposta lavagem de dinheiro pelo Departamento do Tesouro dos EUA, foram recebidas nas últimas horas mensagens do governo que podem causar confusão.
Esta manhã, o presidente mexicano confirmou que a Procuradoria-Geral da República não tem nenhuma investigação aberta sobre o CI Banco, a Intercam e a Vector, Casa de Bolsa.
Mais especificamente, ele afirmou que os indivíduos não têm um arquivo de investigação como tal, a menos que haja uma sanção emitida pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
No entanto, ele também disse que se algo irregular fosse encontrado nesses processos, isso seria reportado.
O que há, explicou o presidente, são sanções da própria Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários (CNBV), por problemas administrativos.
Em suma, o governo mexicano não está processando nenhum indivíduo das três instituições financeiras às quais está impondo sanções multimilionárias por irregularidades em seus processos de lavagem de dinheiro.
Em suma, o governo mexicano garantiu que não há investigações contra ninguém.
Embora existam multas pesadas para instituições.
Posteriormente, a CNBV divulgou, por meio do X, a atualização das sanções aplicadas por aquele órgão.
Multas milionárias foram registradas contra os dois bancos e a corretora sob suspeita.
O valor originalmente anunciado de 134 milhões de pesos foi atualizado para 185 milhões de pesos.
A CNBV (Comissão Nacional de Promoção de Investimentos) concluiu o caso Vector Casa de Bolsa, alegando que as multas estão relacionadas a irregularidades em fundos de investimento.
O raciocínio fundamental da Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários, e o mesmo para ambos os bancos, é que eles cometeram irregularidades relacionadas à prevenção à lavagem de dinheiro.
Desde o início, quando as acusações da Financial Crimes Enforcement Network (FinCen) contra essas instituições financeiras por suposta lavagem de dinheiro foram tornadas públicas, o governo mexicano afirmou, e continua afirmando, que não recebeu evidências conclusivas do Departamento do Tesouro para confirmar as acusações.
No entanto, o Ministério da Fazenda, por meio da CNBV, implementou imediatamente uma intervenção gerencial nas três instituições, com o objetivo de proteger os recursos e investimentos de poupadores e clientes e evitar uma corrida financeira. Como resultado dessas ações, a FinCen estendeu o prazo original de 21 dias por mais 45 dias, até 4 de setembro.
A CNBV afirmou que as sanções buscam corrigir falhas detectadas, fortalecer a supervisão do sistema financeiro e proteger poupadores e investidores, especialmente em um contexto de críticas internacionais.
À tarde, o Ministério da Fazenda divulgou nota esclarecendo que as multas informadas pela CNBV são as mesmas, ainda que atualizadas, das anteriormente divulgadas e correspondem a descumprimentos de processos administrativos.
O Tesouro enfatizou que agirá com todo o rigor da lei se obtiver informações conclusivas que comprovem atividades ilícitas nas três instituições financeiras envolvidas.
Nas mensagens emitidas, parece haver uma contradição.
Como é possível que três instituições financeiras tenham sido sancionadas com multas multimilionárias por irregularidades administrativas relacionadas à prevenção à lavagem de dinheiro (no caso de bancos) e ninguém tenha sido responsabilizado?
Poderia entender-se que se os processos de prevenção à lavagem de dinheiro falhassem, esse tipo de atividade ilegal poderia ter sido registrada?
Ou seriam, na verdade, irregularidades administrativas sem relação com lavagem de dinheiro? Não está claro.
O governo mexicano tem um sistema telefônico quebrado ou, na melhor das hipóteses, uma péssima habilidade em disseminar mensagens.
Por enquanto, é um golpe financeiro significativo para as instituições multadas e uma notável falta de coordenação em sua estratégia de comunicação.
Como se fosse necessário, diante de graves acusações dos Estados Unidos contra três instituições financeiras nacionais, as autoridades locais estão tropeçando em suas próprias mensagens. Enquanto isso.
VISLUMBRES
A Actinver, liderada por Luis Hernández, pode ser uma das maiores beneficiárias da crise que afeta os bancos alvos do Departamento do Tesouro.
A Actinver poderia capturar até 30% dos negócios fiduciários que o CI Banco e a Intercam tinham anteriormente.
De acordo com o CEO da Actinver, Francisco Lira, eles receberam até agora solicitações de 60 clientes em potencial que buscam transferir seus fundos fiduciários dessas instituições para a Actinver.
Eleconomista