Imogen Waterhouse reflete sobre o episódio 'impactante' de Jinny no <i>The Buccaneers</i>

Spoilers abaixo.

Desde o início, o drama de época The Buccaneers , do AppleTV+, que acompanha um grupo de mulheres americanas que chegam à Inglaterra com planos de se casar com um nobre britânico, não se esquivou de retratar abuso conjugal e violência doméstica por meio do relacionamento entre Jinny St. George (Imogen Waterhouse) e Lord James Seadown (Barney Fishwick). A primeira temporada retratou o abuso físico sofrido por Jinny, mas é o sexto episódio da segunda temporada, "Every Single Piece of My Heart", que destaca as consequências emocionais angustiantes do relacionamento tóxico deles — especialmente na era vitoriana.

Depois de escapar de James no final da primeira temporada, a segunda temporada encontra Jinny lentamente permitindo que ele volte à sua órbita. James a encontra com Guy (Matthew Broome) na Itália e, durante encontros secretos em seu hotel, ele a bajula com falsas promessas sobre sua mudança de comportamento. Jinny está ansiosa para acreditar nele, tanto pelo bem de seu filho Freddie quanto por sua irmã Nan (Kristine Froseth) e seu verdadeiro amor, Guy, que sacrificou seu futuro juntos para garantir a segurança de Jinny. "Ela não foi a melhor irmã na primeira temporada, mas acho que agora ela está percebendo o sacrifício que Nan fez", disse Waterhouse à ELLE por uma chamada de Zoom. "[Reencontrar James] parece a opção fácil. Obviamente não é, mas ela acha que se isso der certo, então tudo vai dar certo."

Jinny está prestes a resgatar James quando Guy descobre e a convence a cair na real. Eles correm para reunir seus pertences e fugir, mas é tarde demais — James sequestra Freddie debaixo do nariz dela em retaliação à desobediência. "Every Single Piece of My Heart" é uma jornada angustiante de volta à Inglaterra para Jinny. Com a ajuda de Nan, ela conquista momentaneamente a opinião pública ao ter sua versão da história publicada no jornal, mas um confronto com James na ópera a leva a um hospital psiquiátrico. Quando a família de James finalmente se envolve, é tarde demais; James é um canhão solto, e o episódio culmina com ele assassinando seu irmão, Richard.

O episódio emocionante é uma representação realista do abuso, o que surpreendeu até Waterhouse. "Esta é uma maneira impactante de mostrar a falta de voz das mulheres, especialmente neste momento", diz ela. "Tenho medo de que ninguém acredite em você ou de ser mandada para algum lugar sem que ninguém te escute. Eu não esperava por isso, mas Jinny também não." A seguir, Waterhouse discute o ciclo de abuso do qual Jinny finalmente escapa, o que ela diria aos fãs que estão chateados com as decisões de sua personagem e que tipo de interesse amoroso ela gostaria para Jinny daqui para frente.

Por que você acha que a história de Jinny era importante de ser contada, especialmente dessa maneira?

Os roteiristas se esforçaram muito para escrever de forma realista e pesquisaram bastante sobre relacionamentos [abusivos]. Nunca é só "você está longe deles, então acabou", principalmente agora que ela está presa a James e ao bebê. É difícil de assistir porque, como público, você fica tipo, não vá com ele! Mas há tanta coisa em jogo para ela e sempre existe a ideia de que, na verdade, talvez ele tenha mudado. Talvez as coisas sejam diferentes. Acho importante mostrar que nunca é tão fácil quanto se afastar de alguém.

O público pode estar frustrado com a confiança que Jinny depositou em James nos últimos episódios. O que você diria a essas pessoas?

Tente não julgá-la. É tão fácil fazer isso como espectador — eu diria: " O que você está fazendo?". Mas ela está apenas esperançosa de que isso possa realmente dar certo. Ela tem um filho, está sem estabilidade e sua vida é completamente diferente. Ela está em um lugar completamente isolado e marginalizado, e tem plena consciência de que essa experiência na Itália não pode durar para sempre. Pensar no que vem a seguir para ela é realmente assustador. Então, seja paciente com ela.

O episódio começa com Jinny tentando convencer Guy de que James mudou. Por que você acha que demorou tanto para ela perceber que James a estava manipulando?

Achei aquela cena bem difícil de filmar porque, em um espaço de tempo muito curto, ela muda de um lado para o outro e tem um momento de compreensão. Precisávamos descobrir exatamente o que havia no que Guy dizia que a fazia mudar de ideia.

A forma como abordei a questão foi que Guy agora é alguém em quem ela realmente confia. Há muita coisa que não vemos do relacionamento deles: ele a ajudou a superar um parto traumático, eles passaram por muita coisa juntos e ele é alguém que realmente a conhece agora. Ele confia nela e ela confia nele. Ela tem saído com James secretamente porque sabe que Guy não vai se sentir bem com isso. Todos nós já fizemos algo que esquecemos de contar aos nossos amigos. De repente, ver isso sendo narrado por outra pessoa que ela realmente ama, que também a ama e ama seu bebê — é isso que a ajuda a pensar: " O que estou fazendo?"

Jinny está internada pelo marido, que tentava manipular suas experiências com ela. Como você personificou o estado de espírito de Jinny? Você pesquisou sobre a história de mulheres sendo chamadas de "histéricas"?

Na era vitoriana, as mulheres eram lobotomizadas por serem temperamentais ou "loucas". Era uma ideia muito real e assustadora de que, se você saísse das restrições do que significa ser uma mulher vitoriana, enfrentaria as repercussões por não fazer muita coisa. Pesquisei sobre isso e até assisti a filmes como Garota, Interrompida , que não foi nem há muito tempo. Tendo tudo isso em mente e aprendendo sobre alguns dos métodos que eles usavam naquela época, adicionei esse medo extra de: " Ele poderia facilmente dizer a palavra e isso poderia acontecer". Você perde seu filho e se perde, e fica presa para sempre.

Durante essas cenas no hospital, há um equilíbrio entre Jinny demonstrar suas emoções e contê-las. Como você calibrou sua atuação?

Jinny sabe que a única maneira de voltar para o filho é jogar esse jogo e dizer: " Estou bem e farei o que você disser" . Senão, ela não vai sair daqui. Teve uma cena divertida em que éramos só eu e o nosso primeiro cinegrafista, colocamos um som de heavy metal e eu pude tratar o ambiente como uma sala de fúria, gritando e berrando. Foi uma libertação para mim como atriz, mas também para a personagem: Jinny deixa esses momentos acontecerem em particular e então ela sabe que, quando um médico está na sala, ela tem que se recompor e jogar esse jogo. As mulheres são tão boas em fingir publicamente, mas, por trás das portas fechadas, ela está se desfazendo completamente.

Como você e Barney Fishwick se prepararam para este episódio?

Estamos nesse relacionamento desde a primeira temporada, então conhecemos muito bem a dinâmica de Jinny e James, mas é a primeira vez que a mentalidade de Jinny está mudando. Ela agora o vê de forma completamente diferente e não o ama mais, e ele não a prendeu em nenhuma armadilha. Sempre conversávamos sobre o que sentíamos no relacionamento deles. O Barney é tão bom em ser tão intensamente horrível, isso ajuda muito. As cenas não são divertidas de fazer — são realmente horríveis —, mas ele é um ótimo parceiro de equipe. E, no fim das contas, era importante que pudéssemos rir juntos.

A principal motivação de Jinny é o filho, o que parece um grande passo de amadurecimento em comparação com a época da primeira temporada, quando ela ignorava o comportamento de James com Lizzy e o perseguia apesar disso. Como você vê o crescimento dela ao longo da série até agora?

Ela teve um arco tão louco. Ela começou como alguém muito focada em objetivos e foi criada de uma forma que não ia parar por nada para conseguir o que queria. Ela se jogou nesse relacionamento que era obviamente horrível. Agora a vemos pela primeira vez descobrindo quem ela é como mãe e como alguém sem seu sistema de apoio. Podemos ver um pouco de sua centelha retornar, um pouco de sua alegria. Sem soar muito clichê, na primeira temporada ela é uma menina, e agora ela precisa se tornar uma mulher e descobrir o que isso significa.

Como você acha que James matando Richard afetará Jinny daqui para frente? Ela conseguirá se perdoar?

Ela se sente ainda mais culpada porque se culpa pelo fato de James ter assassinado Richard. Conchita [Alisha Boe] e Richard têm um dos casamentos mais estáveis e encantadores de toda a série, o que foi bastante revigorante. E agora ele está morto. Com isso, surge uma nova onda de sentimentos realmente complexos. Jinny está livre agora, de certa forma, porque James foi para a cadeia, mas o custo disso é enorme, e acho que ela carregará isso consigo para sempre.

Acho que o perdão se refletirá em Conchita: se Conchita a perdoar, ela poderá [perdoar a si mesma]. Mas ainda é algo que você carrega consigo.

Você prevê alguma complicação com Guy, já que ele passou a ver Freddie como seu filho?

Sinceramente, fiquei apavorada que tentassem colocar a Jinny com o Guy. Não acho que a Jinny pudesse se recuperar disso. Ela consegue se recuperar de um assassinato em segunda mão, mas acho que as pessoas não a perdoariam por isso. Todo mundo sempre quer presumir que existe algo entre as pessoas quando, na verdade, um homem e uma mulher podem coexistir, ter uma amizade e ser pais juntos. Eles têm um respeito enorme um pelo outro e acho que ela ama muito o Guy, mas nem a Jinny aceitaria isso.

Jinny está criando um filho. Que lições você acha que ela vai passar para ele, dada a tragédia do pai dele?

Considerando quem é o pai do filho, ela estaria realmente tentando fazer dele o oposto disso. Acho que ela lhe daria muito amor, diria que ele é amado e o criaria para ser um homem respeitoso. Isso lhe daria um propósito. Ela obviamente quer que esse garoto não se torne como o pai, e agora ela pode voltar para casa e criá-lo com sua aldeia de mulheres que são mais livres, amorosas e demonstram afeto.

Olhando para o futuro, se a série ganhar uma terceira temporada, Jinny pode ter um novo interesse amoroso. Que qualidades você acha que ela precisa em um parceiro?

Todo mundo quer que ela seja gay. É isso que estou vendo online, porque ela disse que não gostava de sexo e porque ela e Lizzy tinham uma amizade fofa. Na série, tudo pode acontecer, então não ficarei tão surpreso. Mas acho que ela precisa de alguém que não seja da alta sociedade. Não sei por quê, mas vejo um jardineiro ou alguém que faça parte da terra. Alguém que aprecie as pequenas coisas e a coloque de pé seria bom para ela.

Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.