Do virtual ao material: Arte digital sem telas nas obras de Tamara Moura Costa e Federico Kehm

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Do virtual ao material: Arte digital sem telas nas obras de Tamara Moura Costa e Federico Kehm

Do virtual ao material: Arte digital sem telas nas obras de Tamara Moura Costa e Federico Kehm

Revealing Thickness é uma exposição de arte digital, mas sem telas, realidade aumentada ou IA desenfreada. No térreo da galeria Miranda Bosch, Tamara Moura Costa e Federico Kehm traçaram um caminho inesperado da virtualidade à materialidade. O resultado é impressionante devido a uma série de características que vão da precisão matemática ao uso de recursos, ferramentas e materiais não convencionais. A exposição, com curadoria de Julieta Agriano, é, de certa forma, um "caminho inverso" ao que se espera de uma exposição de arte digital.

Série Foto: Solenn Herry" width="720" src="https://www.clarin.com/img/2025/06/30/T7flBxNEF_720x0__1.jpg"> Série "Limites do corpo", de Tamara Moura Costa na exposição "Revelando a espessura", na Galeria Miranda Bosch, com curadoria de Julieta Agriano. Foto: Solenn Herry

Na entrada da galeria, Kehm, artista visual que vem experimentando intersecções entre "ideia, forma e tempo", apresenta suas obras concebidas e originadas digitalmente, agora expressas em volumes e desenhos em diversos formatos e mídias. Anteriormente, ele havia explorado programação, arte generativa, design e animação: todas convergem em uma busca visual, na resolução estética de muitas questões. "Comecei a fazer obras digitais que permaneciam na tela, obras de temporalidade lenta, que tinham a ver com crescimento, com o orgânico. No entanto, encontrei ali um padrão comum que tinha a ver com uma certa questão sensorial ou material que vinha do meu passado." A partir daí, ele iniciou a jornada de trazer essas resoluções gráficas da tela para o papel, imprimindo em diferentes superfícies às quais adicionou intervenções subsequentes.

Uma das obras mais marcantes de sua coleção é "Regulated and Absent" (Regulado e Ausente), um bloco transparente contendo vários desenhos, em três camadas de acrílico e papel de algodão, intercalados com lápis, grafite, pastel a óleo e outros. É o que Kehm escolheu para expressar como ele faz e sobre o que trata sua exposição: "Esta obra tem a ver com a espessura temporal, que é a ideia do código sobreposto, trabalhando com a temporalidade daquilo que me proporciona, por exemplo, uma obra na tela. Interessa-me a progressão, o desafio de conseguir traduzi-la para uma obra física. Trabalhei com a temporalidade, mas em profundidade."

“Há camadas, claro, tudo o que faço tem camadas”, conclui Kehm, um artista que também experimenta animação, vídeo e desenho, onde o generativo se entrelaça com o material. Sua biografia enfatiza que sua obra combina o orgânico e o sistemático, o visível e o oculto, em diálogo com outras disciplinas, como a música e o design industrial. “As camadas dão uma sensação de espessura, de palimpsesto, como se você pudesse espiar o centro da forma, onde há uma série de significados ocultos.”

Curadora: Julieta Agriano Foto: Carlos Gil Fotografía" width="720" src="https://www.clarin.com/img/2025/06/30/Pehp2VIgv_720x0__1.jpg"> "Regulados e Ausentes", de Federico Kehm em Miranda Bosch. Impressão em três camadas de acrílico e papel de algodão. 75 cm x 42 cm Curadora: Julieta Agriano Foto: Carlos Gil Photography

Julieta Agriano pensou em reunir esses artistas e materializar um conceito para uma obra. Não há improviso; em sua visão de mundo, esta exposição tem suas raízes em 2019, quando ela crioua WIP Arte Digital , a plataforma que destaca a cena de arte digital, hoje referência global , especialmente na América Latina. Foi lá que ela conheceu esses artistas.

Quando a galeria a convidou para montar esta exposição, Agriano se fez a seguinte pergunta: "Que proposta poderia ser relacionada a esse tipo de espaço para conectar também a cena da arte digital com a da arte contemporânea, que nem sempre interagem? É muito difícil que elas se cruzem. Pensei em artistas que trabalhassem digitalmente, mas buscassem expandir a noção de materialidade digital para outros territórios." Foi para lá que ela foi.

Na Galeria Miranda Bosch: Federico Kehm, Julieta Agriano e Tamara Moura Costa. Foto: Solenn Herry" width="720" src="https://www.clarin.com/img/2025/06/30/1GqIT252Z_720x0__1.jpg"> Na Galeria Miranda Bosch: Federico Kehm, Julieta Agriano e Tamara Moura Costa. Foto: Solenn Herry

Lasers e uma ida à oficina mecânica

A segunda sala é pouco iluminada. Ela abriga as peças intrigantes de Tamara Moura Costa, uma constelação de obras conceitualmente conectadas: são a materialização de projetos previamente concebidos em um universo virtual, que se tornam espessuras de metalurgia milimetricamente precisa. Por isso, Moura Costa trabalha a partir da ideia de código, de números. Ela estudou Artes Eletrônicas na Untref , onde aprendeu a usar o Processing , um software que lhe permite criar imagens a partir de código gerado, além de protótipos e padrões altamente definidos. "Isso possibilita um cálculo, uma matemática que determina a cor de cada pixel, o ponto de cada linha, a precisão."

Obras de Federico Kehm em Miranda Bosch. Foto: Carlos Gil Obras de Federico Kehm em Miranda Bosch. Foto: Carlos Gil

Moura Costa é uma artista e educadora interdisciplinar com raízes brasileiras. Seu trabalho integra "o sensorial, o técnico e o conceitual". Ela já expôs na Bélgica, França, Itália, Colômbia e Espanha. Pode-se dizer que o que ela expõe emerge de um conjunto de trabalhos iniciados em 2023. "Eu estava criando uma narrativa sobre como essa semente emerge, que então se transforma em algo um pouco mais figurativo e evolui de 2D, do mais primitivo — branco, preto, ponto, linha — para algo mais tridimensional."

Quando foi convidada para esta exposição, decidiu concretizar suas obras. De fato, ela já trabalhava com gravação a laser sobre acrílico, o que gerava peças por meio de um processo mecânico, mas com a precisão de um ourives. “O laser é a coisa mais precisa do mundo físico. Comecei a experimentar com acrílico e gravura, e então quis dar-lhe um corpo, um volume, e comecei a experimentar com resina. Esses corpos começaram a emergir, essas séries, também concebidas como distâncias, ou iterações dessa narrativa que evolui até perder a forma. Ela caminha para algo mais concreto, mais material, mais sobre poder observar como o interior da resina reage aos impactos.” A artista descreve o processo de uma de suas obras com “gravação a laser sobre acrílico ou acrílico gravado a laser”. Primeiro, ela compôs o volume da resina, ela se solidificou; depois, colocou os acrílicos já gravados a laser sobre a resina, pintou-a e, para dar um polimento fino, levou a peça a uma oficina mecânica, onde lhe forneceram uma máquina de polimento para dar o toque final.

Espessura Reveladora. Exposição na Galeria Miranda Bosch dos artistas Tamara Moura Costa e Federico Kehm. Curadoria: Julieta Agriano. Foto: Solenn Herry" width="720" src="https://www.clarin.com/img/2025/06/30/xHieUxCZs_720x0__1.jpg"> Revelando a Espessura. Exposição na Galeria Miranda Bosch dos artistas Tamara Moura Costa e Federico Kehm. Curadoria: Julieta Agriano. Foto: Solenn Herry

Moura Costa experimentava com resina, e Kehm já produzia obras baseadas em código, porém capturadas e modificadas em acrílico, camadas de filme ou papel. Agriano conclui: “Algo que gosto de fazer na curadoria é aproximar a tecnologia das pessoas e apresentá-la de uma forma menos criptografada, porque quando se fala em exposição de arte digital, o público às vezes imagina que só verá telas. Pensei também em dispositivos materiais que ocupassem um espaço para gerar uma conexão, e não um distanciamento, entre o público e a arte digital e suas diferentes formas de expressão.”

Na apresentação da série de Kehm, há uma pergunta tão perturbadora quanto esclarecedora de sua obra e de toda esta exposição: "O que acontece se eu abrir uma forma para ver o que há dentro?"

  • Espessura de revelação de amostra.
  • Pelos artistas Tamara Moura Costa e Federico Kehm.
  • Curadora: Julieta Agriano.
  • Na Galeria Miranda Bosch, Montevidéu, 1723.
  • Segunda a sexta, das 13h às 19h. Junho a agosto de 2025.
Clarin

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