Você pode ter a cidadania espanhola negada por não estar suficientemente integrado?

É de conhecimento geral que há muitos britânicos na Espanha que vivem em uma bolha, residindo em áreas onde o espanhol não é a principal língua falada, socializando com amigos que falam inglês e contratando apenas serviços particulares que falem inglês.

Existem algumas vilas na Espanha onde há mais estrangeiros do que moradores locais . E isso não se aplica apenas aos cidadãos do Reino Unido; muitos estrangeiros de diferentes nacionalidades tendem a se fixar na Espanha, intencionalmente ou não.

Se essas pessoas eventualmente quiserem obter a nacionalidade espanhola porque viveram aqui por 10 anos, um dos requisitos é comprovar a integração à sociedade espanhola.

Pode-se dizer que essas pessoas se integraram? Como isso é comprovado? E a cidadania poderia ser negada a elas por esse motivo?

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Nas últimas semanas, houve vários casos em que estrangeiros tiveram a cidadania espanhola negada por não conseguirem comprovar a integração, envolvendo um cidadão romeno , uma mulher da Bolívia e um homem do Marrocos, embora seja verdade que a integração não foi o único motivo para a negação do pedido.

Então, como as autoridades espanholas verificam se você está integrado? De acordo com o governo espanhol, "a acreditação para integração é altamente objetiva, pois consiste na aprovação em provas aplicadas pelo Instituto Cervantes".

Os testes avaliam o conhecimento e o domínio da língua espanhola, bem como o conhecimento dos aspectos constitucionais e socioculturais da Espanha. O primeiro é o exame de idioma DELE, no qual você precisa comprovar um nível mínimo de A2. Ele envolve exercícios de leitura, compreensão auditiva e conversação.

O segundo é o exame sociocultural do CCSE, onde serão feitas perguntas sobre cultura espanhola, geografia, política, história e muito mais. Para ser aprovado, você precisará responder corretamente a 15 das 25 perguntas. Se quiser tentar, você pode testar seus conhecimentos aqui para ver o seu nível.

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É importante ressaltar que cidadãos de países ibero-americanos estão isentos da realização dos testes de proficiência em espanhol. Outras pessoas isentas são menores de 18 anos, pessoas com dificuldades ou deficiências de aprendizagem, analfabetos e pessoas de origem judaica sefardita com mais de 70 anos. Todos os demais são obrigados a realizar ambos os testes, e é assim que se comprova a integração.

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Portanto, na realidade, não importa onde você mora ou com quem você se relaciona, se você sabe o suficiente sobre a Espanha e consegue falar espanhol em um nível básico, você pode passar.

Em dois dos casos acima, aqueles que tiveram a cidadania negada ou revogada alegaram ser analfabetos. No terceiro caso, a romena não fez nem se submeteu ao exame CCSE.

No entanto, nem todos concordam com esses dois testes ou acreditam que eles implicam integração. Alguns até dizem que são discriminatórios e vão contra o princípio da igualdade na Constituição.

Isso foi aplicável recentemente no caso de mulheres migrantes que podem não ter tido o mesmo nível de educação que outras pessoas, e o caso foi até levado ao Supremo Tribunal.

No final, o tribunal decidiu que isso não pode ser considerado motivo para discriminação com base no sexo, mas disse que esses casos devem ser julgados de forma ligeiramente diferente.

Recomendou “ajustar o nível de exigência quanto ao conhecimento da língua espanhola e das instituições, que pode ser ajustado em função do nível educacional do candidato e de outras circunstâncias”.

Portanto, de acordo com Gema Murciano, codiretora do escritório de advocacia Sepín Immigration: “Não pode haver um padrão de integração generalizado válido para todos os solicitantes; em vez disso, suas circunstâncias pessoais devem ser levadas em consideração, incluindo, sem dúvida, a falta de formação cultural devido à educação limitada oferecida”.

Resumindo, sim, geralmente você pode ter a cidadania negada por não se integrar — na grande maioria dos casos, se você não for aprovado nos exames de idioma e cultura —, mas isso pode ser decidido caso a caso se você estiver em uma situação vulnerável.