Um Papa discreto mas firme

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Um Papa discreto mas firme

Um Papa discreto mas firme

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O NORTE / EQUIPE

Monterrey, México (8 de agosto de 2025) - 5h00

Hoje marca três meses desde a eleição do americano Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV, que optou por um estilo comedido e conservador, evitando declarações estridentes ou rupturas óbvias com o curso traçado por seus antecessores.

Por enquanto, sua liderança se apresenta como a de um pastor prudente, mais focado em preservar a unidade eclesial do que em perturbar os poderosos ou reconfigurar o papel público da Igreja. José Luis Ramírez Vargas, especialista em religiões, apresenta um breve panorama do Pontífice americano. "Ele é um Papa que teve que herdar uma Igreja dividida e entendeu que sua missão, por enquanto, é unir as diferentes forças e tendências. Seu caráter ou temperamento calmo, nada apaixonado, o ajuda a atingir esse objetivo." Obviamente, diz Ramírez, sempre haverá "radicais" que o acusarão de ser "conservador", embora ele não acredite se identificar com estes últimos. Ele dá um exemplo: nomeou São João Newman, um famoso convertido da Igreja Anglicana na segunda metade do século XIX, a quem o Papa Leão XIII havia nomeado Cardeal, Doutor da Igreja.
O mandato do Papa Leão XIV à frente da Igreja Católica pode ser caracterizado pela discrição, indica o pesquisador Rixio Portillo, acadêmico da UDEM e autor do livro El éxito de Francisco. La Iglesia tras el Pontificado de Jorge Mario Bergoglio (2020). "Acredito que a discrição faça parte de sua personalidade. Essa é a característica que ele imporá em seu pontificado, mas com resultados." Ele agiu de maneira simples, mas com grande profundidade no peso das coisas que diz, faz e escreve: nas nomeações, sua relevância... com essa simplicidade que estamos vendo e que o caracteriza. "Estes foram tempos complexos, muito mais turbulentos e, evidentemente, o panorama não é fácil para ele", diz Portillo. "Parece-me que as ações do Papa foram discretas publicamente." O Pontífice, ressalta, mostrou-se contrário à rendição da Ucrânia em sua guerra com a Rússia e chegou a expressar a possibilidade de uma negociação no Vaticano entre os líderes de ambos os países.
No conflito entre Israel e Gaza, ele ressalta, a Santa Sé sempre reconheceu ambos os Estados desde João Paulo II. Em relação aos migrantes – uma questão central na política do presidente Donald Trump – ele acredita que Leão XIV herdou muitas posições do Papa Francisco. "A escolha de seu nome, Leão XIV, em continuidade com Leão XIII, mostra que ele é um homem de sensibilidade social e, portanto, manterá a mesma linha de Francisco em relação à migração. Ainda há muito tempo para ver o que acontecerá, compromissos importantes que ainda estamos aguardando e talvez palavras-chave. Por exemplo, a decisão sobre qual será o destino de sua primeira viagem", acrescenta.

"Ele já é amado e reconhecido, e o que nós, católicos, devemos fazer é apoiá-lo neste serviço que ele está prestando à Igreja universal, mas também ao mundo inteiro."

Rixio Portillo

Pesquisador acadêmico na UDEM

Para Mercedes Jaime de Fernández, defensora dos presos há mais de 40 anos, o Papa Leão XIV tem mantido uma postura cautelosa, evitando fazer discursos apenas para ganhar simpatia ou seguidores. "Ele está realmente vendo o que está acontecendo. Ele não está se precipitando, o que eu acho muito importante, porque as pessoas muitas vezes se precipitam e fazem você imaginar coisas", diz a ativista. "E ele diz a verdade. Eu sinto que ele é realista." Ela acredita que, em seus três meses como Pontífice, ele tem sido claro. Ele não é um líder católico que busca impor caminhos. "Eu não o vejo como alguém que busca impor coisas", ela indica.
Consuelo Bañuelos, fundadora da associação Promoção da Paz e membro do Conselho Feminino da Arquidiocese de Monterrey, afirma que a experiência missionária de Leão XIV lhe permite ter uma perspectiva global, com compreensão e empatia pelo que acontece no mundo. "É muito cedo para lhe dar um título como 'Papa Peregrino', como João Paulo II", comenta. "Mas eu diria que ele é um Papa 'construtor da paz', porque está tentando construir essas pontes entre um país e outro, entre um grupo e outro, para construir, então, um mundo mais pacífico." No entanto, ela ressalta que uma parte importante de suas mensagens é mais voltada para o trabalho pela paz interior, que é fundamental para se refletir nas relações entre pessoas, grupos e países. "Ele também dedica especial atenção ao que acontece dentro das pessoas. Estou convencida de que a paz para todos se constrói inicialmente a partir da paz pessoal."
Juan Gerardo Garza, professor emérito do Tec, destaca que o atual Papa enfrenta um grande desafio, pois precisa liderar a Igreja em um momento difícil, com menos fiéis, além de guerras e outros conflitos socioeconômicos. "O grande desafio para um Papa como Leão XIV é resgatar o ser humano, dimensão indispensável da espiritualidade", indica o fundador do Centro de Valores Éticos do Tecnológico de Monterrey. "Há toda uma série de recomendações que ele fez", menciona Garza: "perdão, caridade, esperança, carinho pelos outros. Isso está presente em seu discurso. Destaco sua simplicidade, sua humildade e sua proximidade com as pessoas para resgatar o valor do ser humano", afirma.
- O Papa Leão XIV recorda Hiroshima e Nagasaki como um alerta contra a guerra e apela à substituição da ameaça de destruição pelo diálogo. Ele apela à renovação da justiça e da fraternidade global.
- Expressa seu profundo pesar pelo ataque israelense à Paróquia da Sagrada Família em Gaza e exige o fim imediato da barbárie na Faixa de Gaza.
- O Papa se encontra com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, para discutir o conflito com a Rússia. Ambos concordam sobre a necessidade urgente de uma paz justa e duradoura.
- Leão XIV recebe Javier Milei, presidente da Argentina. Durante o encontro, ele enfatiza a importância do combate à pobreza e o valor da coesão social como base para o desenvolvimento.
- Em seu primeiro discurso aos diplomatas, o Papa defende a dignidade dos migrantes. Ele pede a interrupção da produção de armas e a prioridade para a paz global.
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