Alerta vermelho: Tijuana, a capital do feminicídio no México até 2025

Uma crise de violência de gênero está devastando Tijuana, tornando-a o município com o maior número de feminicídios no México até 2025. A extrema brutalidade dos casos e suas ligações com o crime organizado pintam um quadro sombrio na fronteira.
Tijuana, Colúmbia Britânica — Uma sombra sombria e persistente paira sobre Tijuana. Além de sua vibrante cidade fronteiriça e seu dinamismo econômico, a cidade enfrenta uma crise humanitária que a colocou no epicentro da violência de gênero no país. Dados oficiais e a dura realidade de suas ruas confirmam uma verdade alarmante: Tijuana lidera as estatísticas de feminicídio no México em 2025.
Relatórios da Secretaria Executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP) e dados da Procuradoria-Geral do Estado da Baixa Califórnia (FGEBC) mostram Tijuana consistentemente no topo da lista de crimes. Um relatório do SESNSP do início deste ano já colocava o município como um dos pontos críticos do país.
Os dados mais recentes do FGEBC, correspondentes ao período de janeiro a maio de 2025, registram quatro supostos feminicídios e 1.044 casos de violência doméstica somente em Tijuana, números que provavelmente subestimam a realidade devido ao alto índice de não denúncia por medo.
O que torna a situação em Tijuana particularmente assustadora não é apenas o número de vítimas, mas o nível de brutalidade empregado. Muitos dos corpos de mulheres encontrados apresentam sinais de tortura, desmembramento e uma crueldade que vai além da violência interpessoal, assemelhando-se às táticas terroristas do crime organizado.
Essa conexão não é coincidência. Analistas de segurança e ativistas apontam que a crise de feminicídios em Tijuana é consequência direta de sua geopolítica. Como o corredor mais importante para o tráfico de drogas e pessoas para os Estados Unidos, a cidade é um campo de batalha perpétuo entre cartéis transnacionais.
Neste contexto de guerra implacável, a violência contra as mulheres torna-se uma ferramenta estratégica:
- Mensagens intergrupais: matar parceiros ou familiares de rivais é uma forma de ataque.
- Controle territorial: O terror infligido à comunidade pela violência feminicida é uma demonstração de poder.
- Tráfico de pessoas: as mulheres são vistas como mercadorias descartáveis pelas redes criminosas.
- Cultura de impunidade: A violência generalizada cria um ambiente onde a misoginia e os ataques contra as mulheres florescem sem consequências.
"Em Tijuana, 14 [femicídios] foram cometidos em 2023... Os corpos desmembrados de duas mulheres e um homem foram abandonados em uma estrada de Tijuana." – Reportagens sobre a violência na cidade.
Organizações da sociedade civil e grupos feministas têm incansavelmente levantado suas vozes, exigindo que um alerta de gênero efetivo seja declarado e que os crimes sejam investigados a partir de uma perspectiva de gênero, reconhecendo o contexto do crime organizado que os alimenta.
A crise em Tijuana é um reflexo extremo de um problema nacional. A violência feminicida na fronteira não pode ser compreendida sem a compreensão da dinâmica da guerra dos cartéis, que a utiliza como uma de suas armas mais cruéis. Para as mulheres de Tijuana, viver tornou-se um ato de resistência na cidade mais perigosa para elas em todo o México.
La Verdad Yucatán