A tempestade assola a Baixa Califórnia após o visto do governador ser revogado: "Não tenho contas bancárias no exterior".


A presidente Claudia Sheinbaum insistiu na defesa de Marina del Pilar Ávila, governadora da Baixa Califórnia, cujo visto foi revogado pelo governo dos Estados Unidos, assim como o de seu marido, Carlos Torres. O presidente se baseou nas declarações do líder do partido Morena e negou ter contas bancárias nos Estados Unidos. "Alguns veículos de comunicação noticiaram que houve um congelamento de contas. Conversamos com a governadora, e ela nos disse que não tem contas no exterior. Essa é a informação da governadora", disse ela em sua coletiva de imprensa matinal nesta terça-feira.
Em meio ao escândalo e às informações limitadas disponíveis sobre os motivos do cancelamento do visto, a presidente suavizou sua exigência de informações e se contentou com a breve resposta emitida pelo consulado dos EUA, que simplesmente afirma que as informações são confidenciais. "A única coisa que relataram publicamente foi que se tratava de um assunto privado e pessoal. Foi o que a Embaixada dos Estados Unidos no México informou, e não recebemos mais nenhuma informação", é a resposta da presidente à demanda por comunicação que havia feito um dia antes ao governo Donald Trump sobre a revogação do visto do líder de um dos estados fronteiriços ao norte do México.
O Partido de Ação Nacional (PAN) surgiu na crise política emergente enfrentada pelo governo Sheinbaum e pela Baja California, exigindo uma explicação convincente das causas e implicações para o estado da decisão nos EUA.
Os eventos desencadearam uma turbulência interna de dimensões ainda incalculáveis que colocou os governos Sheinbaum e Ávila na corda bamba. O incidente não é insignificante; esta é a primeira autoridade de alto escalão do governo mexicano cujo visto foi revogado pelos Estados Unidos, proibindo-a de entrar em seu território. Segundo fontes de Morena, a governadora possui pelo menos uma propriedade em San Diego, Califórnia, onde instalou sua família. Além disso, os dois filhos do líder estadual nasceram em Brawley, Califórnia, e têm dupla cidadania.
O suposto congelamento das contas de Ávila no Wells Fargo e no Bank of America, instituições bancárias norte-americanas, levou Sheinbaum a intervir, negando, com base nas declarações do governador, que tenha contas bancárias no exterior. O líder estadual também teve que se manifestar para conter a controvérsia. "Minhas contas nos Estados Unidos não foram fechadas simplesmente porque não existem. Não tenho nenhuma conta bancária no exterior", ele postou em sua conta X na tarde de terça-feira.
A governadora de 36 anos teve que se defender em mais de uma ocasião nas últimas 24 horas. "Não o procurem. Não há nada a esconder, nada a descobrir que possa prejudicar minha imagem", afirmou ela nesta segunda-feira, em uma curta entrevista coletiva com a imprensa local. Desta vez, ela não mencionou o marido nem o defendeu, como fez no fim de semana, quando anunciou o cancelamento do visto. "Não há crime, nem delito, nem nada a ser perseguido", comentou ele, insistindo que a revogação de sua autorização de entrada no país vizinho não significa que ele tenha feito algo errado e sustentando que se trata de uma questão administrativa.
A falta de informações sobre os motivos por trás da decisão do Departamento de Estado dos EUA abriu caminho para suspeitas. Segundo os parlamentares de Morena, a medida é uma resposta às investigações e operações realizadas contra o chamado huachicol fiscal, ou contrabando de combustível, na Baixa Califórnia. Durante as investigações, dizem, os nomes do marido de Ávila e de seu cunhado, Luis Torres, vieram à tona. O PAN, partido do qual o marido da governadora era filiado até recentemente, tem usado essa hipótese para exigir explicações. "Exigimos transparência. Queremos saber se o motivo da revogação desse visto foi a lavagem de dinheiro do crime organizado relacionada ao Huachicol Fiscal", disse Ricardo Anaya, coordenador do PAN no Senado. Deputados federais e a direção do PAN se uniram ao ataque, exigindo uma explicação clara. "O que está acontecendo vai além da mídia: compromete a imagem internacional do Estado e mina a confiança em sua administração", diz o comunicado do Partido de Ação Nacional. O partido também solicitou que a governadora seja removida dos comitês de segurança devido a possíveis investigações contra ela.
EL PAÍS