COMENTÁRIO - Depois de algumas idas e vindas, o astronauta particular Jared Isaacman finalmente liderará a NASA. Por que não desde o início?

As chances de Jared Isaacman ser o próximo administrador da NASA são grandes. Donald Trump expressou sua confiança no empresário e astronauta privado na terça-feira. Em sua plataforma TruthSocial, Trump elogiou a experiência de Isaacman como astronauta, sua paixão pelo espaço e seu desejo de impulsionar a nova economia espacial. Isso, segundo ele, o torna um candidato ideal para liderar a NASA rumo a uma nova era ousada.

Quem acompanhou as idas e vindas em relação ao próximo administrador da NASA provavelmente está esfregando os olhos em descrença. Em maio, Trump retirou a indicação de Isaacman depois que ele foi ouvido e endossado pelo Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado. Em vez disso, Trump nomeou seu Secretário de Transportes, Sean Duffy, como administrador interino da NASA.

A decisão de Trump de retornar a Isaacman pode ser interpretada como indecisão. No entanto, também se pode reconhecer que o presidente americano é capaz de corrigir seus próprios erros quando isso serve ao bem do país. Há um consenso entre os partidos de que Isaacman possui as qualificações necessárias para colocar a agência espacial americana, que está à deriva, de volta nos trilhos.

Na verdade, as coisas melhoraram para a NASA. Muitos funcionários deixaram a agência espacial americana nos últimos meses. O programa Artemis, que visa levar os EUA de volta à Lua, está repleto de atrasos; especialistas alertam que os EUA podem perder a corrida espacial para a China. Além disso, a proposta orçamentária do governo prevê um corte drástico no orçamento da NASA. Em tal situação, a NASA precisa de alguém que a lidere com firmeza.

Há muitas razões pelas quais a nomeação do administrador da NASA se arrasta há quase um ano. A justificativa oficial para a retirada da nomeação foi o apoio que Isaacman teria dado a senadores democratas no passado. Seus laços estreitos com Elon Musk também foram citados. Mas, nos bastidores, batalhas completamente diferentes estão sendo travadas.

Isaacman é considerado um defensor da comercialização do espaço. Ele quer que a NASA utilize ainda mais os serviços de empresas privadas como a SpaceX ou a Blue Origin. Durante seu depoimento perante a comissão do Senado em abril, Isaacman se recusou a oferecer qualquer garantia para o Sistema de Lançamento Espacial (SLS), o caro veículo de lançamento da NASA. Ele indicou que seria favorável a alternativas mais baratas após a missão Artemis 3.

Empresas contratadas como a Boeing e a Northrop Grumman, que desenvolveram o Sistema de Lançamento Espacial (SLS) para a NASA e lucram muito com isso, não estão nada satisfeitas com a notícia. A resistência também vem de dentro da própria NASA. Alguns centros espaciais da agência temem se tornar redundantes caso a NASA delegue a construção de foguetes a empresas privadas. Segundo pesquisa da Ars Technica, esses grupos apoiam o administrador interino da NASA, Sean Duffy. Há rumores de que o ambicioso político aspire a assumir o cargo em definitivo.

A batalha nos bastidores está sendo travada com ferocidade. Um documento interno veio à tona recentemente, no qual Isaacman detalha seus planos para modernizar a NASA. Aparentemente, isso visava a virar a opinião pública contra Isaacman, que teria se reunido com Trump para refeições diversas vezes nas últimas semanas, uma ação interpretada como um sinal de reaproximação.

Não se sabe o que levou Trump a mudar de ideia sobre Isaacman. No entanto, isso é irrelevante. O que importa agora é que Isaacman seja confirmado pelo Senado como administrador da NASA o mais rápido possível. Cada mês a mais que a NASA permanece sem liderança é um mês a mais do que o necessário.